Ir. M. Nilza P. da Silva – Alegria do reencontro, expectativa pelo que vem e entusiasmada prontidão para colaborar e assumir. Esta é a atmosfera que sintetiza o Congresso de Outubro, no Regional Coração Tabor, de 27 a 29 de outubro de 2023, realizado junto ao Santuário Tabor da Permanente Presença do Pai, em Atibaia/SP. Os 139 participantes representavam a Família de Schoenstatt em 32 cidades e 5 estados do Brasil.
Escutar com foco
Pe. Antônio Bracht, Diretor Regional, ao introduzir ao evento, traz presente a Carta dos Sinodais e enfatiza a importância de “escutar com foco”, para juntos distinguir o plano que Deus tem para os próximos anos. Este é o método usado pelo Fundador, Pe. Kentenich. Cada participante, durante o Congresso, pode deixar em um painel as palavras que Deus lhe inspira, “como colaboração para a definição das forças que vão nos orientar e animar nos próximos anos… Deus fala para nós por meio do que Ele fala a cada um.”
Na sexta-feira, há uma retrospectiva das atividades nos locais, por meio de um vídeo, e a santa missa. Na manhã de sábado, 28, os Assessores partilham suas experiências na peregrinação da juventude e participação na JMJ: “Estamos aqui para testemunhar que o Cor unum in Patre é possível. Unidos e apoiando-nos mutuamente experimentamos que a Mãe de Deus realiza milagres.”
Por meio de um quiz imersivo e orientados pelas graças de peregrinação, os jovens narram como foram acolhidos em cada local: “Mais do que ser acolhidos em cada Santuário, é importante criar raízes”. A transformação iniciou desde a preparação, pois tudo o que aconteceu os educou. Partilham como foram os encontros por ramo de Schoenstatt, em Portugal e a peregrinação para Fátima. Como os impulsos dados pelo Papa Francisco tocou seus corações e sentiram-se enviados de volta para o Brasil muito mais confiantes, gratos e felizes.
O entusiasmo juvenil e as experiências de vinculação e fé se irradiaram para toda a Família de Schoenstatt e definiu todo o ambiente desse Congresso.
Jaqueline Montoya conta que, “na parte da tarde, pudemos visitar três tendas baseadas no lema ‘Família Coração Tabor – escuta, sonha, levanta-te’. Na tenda ‘Escuta’ os participantes conhecem o testemunho do casal Roberto e Vanessa Carvalho. Aprender a ouvir a Deus que fala conosco no cotidiano é a proposta: refletir e revisitar a vida, observando onde e quando Deus se manifestou.
Já na tenda ‘sonhe’, acontece o encontro com o Cristo, na Capela Custódia Viva. Em um momento de adoração, os congressistas refletem sobre a Transfiguração e a intimidade com Deus. Por fim, na tenda ‘Levanta-te’, o chamado a missão: o destaque é o Jubileu de 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina (2025) e a história do diácono João Luiz Pozzobon. Ele não teve dúvidas e ‘levantou-se’ para assumir a missão de levar a Mãe e Jesus aos lares e a quem mais precisava. O convite a ação foi reforçado com testemunhos de missionários da Mãe Peregrina, que inspiraram aos participantes a manter acesa a chama e o ardor missionário em seus ramos.”
Olhando para a realidade com quem dela entende
Em seguida, numa Mesa Redonda, Luverci Rossatti Duval, pedagoga, abriu a reflexão tratando sobre a situação atual da educação nas escolas, seus desafios e a contribuição que Schoenstatt pode oferecer. “A educação é vítima de uma sociedade líquida,” disse ela, “as famílias estão sem orientação, aluno sem uma base fundamental de formação psicológica e os educadores estão despreparados para essa hora.” Ela conta que há luzes de esperança, pois nos congressos pedagógicos atuais, tem se apresentado propostas de educação muito próximas do que Pe. Kentenich ensina. “Para a educação ter êxito é preciso acolher com o coração. É necessário estar presente, ter clareza de ideias, confiar no bem que há no outro e nunca perder a fé. Educadores são pessoas que amam e nunca deixam de amar.”
Romulo Romanato, empresário no ramo alimentício, narra que as personalidades que a Luverci traçou na educação são as pessoas que chegam hoje para o trabalho nas empresas, desafiando os empregadores. Para ele os maiores desafios em relação ao trabalho: O relativismo e as ideologia/drogas. Apresenta exemplos concreto sobre isso e o que tem aplicado a espiritualidade e pedagogia de Schoenstatt em sua empresa, Romanato Alimentos, para amenizar essa questão. “Temos que levar a cultura da Aliança de Amor para todos os ambientes.”
Pe. Arnaldo Rodrigues Silva, Assessor de Imprensa da CNBB, apresenta os desafios da Igreja: “O caminho da Igreja em qualquer tempo e lugar é anunciar Cristo. Em vez de pensar só em caos ou crise, ter um olhar contemplativo e ver as oportunidades da Igreja estar presente em todos os ambientes. São novos tempos e a Família de Schoenstatt pode ajudar a transfigurar essa realidade, ajudar a Igreja a restaurar tudo em Cristo.” Ele lista dez desafios/oportunidades, por exemplo, as migrações, a cultura da indiferença, a falta de sentido da vida e outros, apresentando para cada ponto a oportunidade que isso abre para a missão da Igreja e como Schoenstatt pode contribuir. “O papel da Família de Schoenstatt, pode ser: Dar atenção às comunidades; os Santuários são oásis de paz, pontos de referência no meio do caótico e a Aliança de Amor vivida em profundidade conduz a consciência de colaborador na missão da Igreja.” A seguir, os três respondem as perguntas dos participantes.
Que noite… “Nosso regional está um só coração”
Após o jantar, acontece uma “noite portuguesa”, com alimentos, músicas e danças típicas, além de um concurso de dança portuguesa entre os ramos.
Na santa missa, Pe. Rafael Motta, remete ao que os jovens vivenciaram na JMJ: “A Igreja continua jovem… que nosso coração se encha de Cristo… Como Maria, com o coração transbordando de Cristo, cada um de nós pode compor o seu próprio canto novo.” Uma procissão a luz de velas, encerra o dia.
Para José Evangelista Andrade diz que esse dia foi “indescritível, muito motivador e um reacender das chamas no coração.” Para Jéssica Fernanda T. do Prado, “foi um momento de muita vinculação, alegria e encontro entre os ramos e as cidades. Nosso regional está um só coração.”
Pe. Antonio Bracht abre as atividades do domingo apresentando o quadro preparado a partir das palavras colocadas no painel. Destacam-se três: Esperança, Confiança e Testemunho. A partir desses valores centrais, os ramos e comunidades se reuniram para dialogar e em seguida apresentar propostas para a vida e a caminhada do Movimento, no Brasil, nos próximos anos. Pe. Bracht conclui esse momento mostrando a relação das palavras confiança e esperança com os marcos da história de Schoenstatt e como elas respondem às situações atuais. Na Santa Missa, de encerramento, ele destaca que o amor é prático e pedagógico. “Se for pedagógico, o amor é missionário, pelo testemunho… para que tudo isso possa acontecer, preciso ter a minha síntese pessoal… Em que o meu Ideal Pessoal pegou fogo durante esse Congresso? Esse pontinho é que levo para que o amor seja na prática.”
Construir o caminho juntos
Na opinião dele, esse evento usou um método de trabalho sinodal e inspirado no Pai Fundador, que sempre partia da realidade, olhar, observar e analisar para descobrir as vozes de Deus dentro da realidade. “As pessoas conseguiram entrar nesse processo e vão levar realmente algumas linhas que eles mesmos estão propondo. Foi bastante abençoado e nos proporciona um trabalho agora para uma linha de ano. As pessoas embarcaram realmente com uma segurança, uma alegria e uma abertura muito grande.”
Ir. M. Gislaine Lourenço analisa que “tudo foi muito harmonioso, um trabalho em conjunto e tranquilo, que a abrangeu todas as idades. Nossos jovens tiveram sua presença e conduziu muito bem. Os ramos adultos complementaram com os temas das tendas e a mesa redonda foi tão rica, tão pontual nos assuntos atuais. Tivemos as partilhas e os impulsos que queremos para o próximo ano.” Ela explica que, a partir dessas propostas haverá um trabalho entre os Assessores e a Família de Schoenstatt nos locais, “para construir os nossos caminhos que queremos trilhar. Na unidade com os impulsos dos demais regionais será feita uma reflexão para a descoberta do nosso lema da Família para os próximos anos.”
Fotos: Ir. M. Nilza
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